Júlio Morais, 17


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[quinta-feira, outubro 19, 2006]

Este foi um de meus primeiros contos. Na procura de fazer algo diferente e interessante, decidi criar uma temática mais excêntrica: o homossexualismo. O conto, como sempre, ainda continua amador, mas como disse antes, estou tentando melhorar...

Espero que gostem... ^^

Boa leitura!

Guilda dos Garotos de Programas
(By Júlio)



Chovia... Há mais de uma hora, sem dúvida se tratava de uma tempestade, um pouco violenta: entre alguns intervalos de tempo podiam-se presenciar os grandes ruídos causados pelos trovões seguidos dos clarões luminosos dos relâmpagos. Estava fazendo mais um programa nesta noite fria, o cliente me pagara bem para ter seus fetiches realizados com grande eficácia, a casa luxuosa em que me encontrava demonstrava bem o poderio econômico do sujeito que se chamava Douglas Reyner, um alemão.

Ele era amigo de meu patrão, dono de uma guilda que vende jovens para fantasias sexuais de pedófilos, gays ou qualquer outro tipo de orgia indecente. Na guilda existem vários como eu, que estão apenas para sustentar a vida, mas existem outros que foram afastados de suas famílias e trazidos para Nova York, onde é a sede da organização. Junto com meu patrão, chamado Thomas, existem mais três organizadores: Karla, Júnior e Anderson. Acredite, você não gostaria de conhecê-los pessoalmente, são péssimos amigos, isso se eles tem algum, pois sempre estão metidos em negócios sujos.

Era uma tarde quando Douglas veio à organização ver o Thomas, pois fazia tempo que as duas raposas não se viam. Ao chegar percebeu que o empreendimento crescera muito e pediu para ver os “novos integrantes”. Eu estava em meu quarto lendo um ótimo livro e desfrutando de uma esplêndida leitura deitado quando chegou a vez de Douglas me conhecer. Thomas abriu a porta sem nem ao menos bater e logo foi me apresentando:

- Este é o Allan, um novato. – disse estendendo o dedo para mim.

Sim, ele está certo, eu era novato ainda. Depois da morte de minha mãe não tinha mais para onde ir e precisei me estabelecer em algum local, pois não conhecia nenhum de meus familiares, meu pai também houvera morrido. Já havia feito três programas para a guilda, e todos bem lucrativos, o que mantinha os olhos dos organizadores presos em mim. No pouco tempo que estive sediado fiz algumas amizades.

- Hummm... Interessante, ele me parece bem legal... – retrucou Douglas.

- Ora, não têm educação? – respondi indignado, fechando o livro e deixando-o sobre a cama enquanto me levantava – sempre devemos bater à porta antes de entrar.

Não sei ao certo, mas acho que no momento em que estava deitado Douglas não havia reparado em mim, pois quando me levantei ele me olhou com olhos diferentes. Eu estava vestido como sempre costumava, uma roupa de couro preto sintético com alguns detalhes brancos, minhas pernas ficavam a amostra com o pequeno short da roupa; estava descalço, também usava um colar com um pentagrama como pingente que sempre costumo carregar comigo. Percebendo a reação de Douglas, Thomas disse:

- Allan... Você cada vez me surpreende mais – falou se aproximando de mim – juro que se eu pertencesse à preferência sexual de vocês iria te querer só pra mim – continuou ele tocando meu queixo.

Sim, eu gosto de pessoas do mesmo sexo, já fui muito discriminado por isso. Mas aqui sou livre para minha escolha sexual. Apesar de Thomas ser um homem atraente, não sinto qualquer atração por ele, talvez por ser casado com a Karla, uma das organizadoras da guilda como havia dito antes. Ignorando Thomas, passei a frente para conhecer o sujeito:

- Olá! E você como se chama? – indaguei suspendendo minha mão para um aperto.

- Prazer, me chamo Douglas – disse em resposta.

- Não ligue Douglas, ele é apenas um rebelde sem causa que ainda vai nos dar muito dinheiro – disse Thomas voltando-se para nós dois.

- Meu caro Thomas, não sei até quando vai demorar meu aparelho de som o qual me prometera desde meu primeiro serviço – disse eu me referindo a uma suposta promessa que o patrão me fizera há algum tempo.

- Oh! Desculpe-me, veja – disse ele apontando para um aparelho prático Mini sistem.

Não perdi tempo e o pus sobre a cabeceira da cama, encaixei a tomada e coloquei para tocar um de meus Cds favoritos da banda Collide, o Chasing The Ghost, uma música que mistura sensualidade e obscuridade. Não resisti a alguns movimentos dançantes, os quais foram interrompidos por Thomas pausando a música:

- Você terá tempo para escutar depois que o Douglas conhecer o resto da sede.

- Claro! – respondi pegando um pedaço de chocolate de uma barra que tinha próxima a mim na cabeceira.

- Não se preocupe Thomas, deixe o Allan ouvir música, a propósito até me agradou.

Tanto eu quanto o Thomas já percebêramos que Douglas me olhava com algum tipo de desejo. E eu já começara a retribuir com alguns olhares pela sua fisionomia. Não era nada feio, cabelos lisos claros, olhos verdes, pele morena clara e um físico muito bem cuidado. Ambos estavam vestidos formalmente, o que os dava um ar bem galante.

- Venha amigo, vou mostrar-lhe como ficou nosso escritório, que por sinal é apenas o que falta – disse o patrão.

- Sim, claro – retrucou Douglas olhando discretamente para mim.

- Tenham um bom dia senhores! – Falei com um sorriso no rosto.

Assim que os dois passam pela porta tiro um pedaço de meu chocolate e vou ouvir música no meu novo aparelho de som. E comecei a dançar aquela música misteriosa enquanto mordiscava o chocolate. Não percebi, mas Douglas me observara dançar um tempo antes de sair atrás do Thomas.

Naquela noite, Thomas veio ao meu encontro numa área de lazer perto da sede. Eu lia o mesmo livro que à tarde sentado num banco vazio. Estava com um agasalho preto e calça jeans verde. Era por volta das onze horas da noite e não havia mais ninguém aí, até o patrão chegar e me tirar da leitura, ele estava vestido com um sobretudo negro aberto, de calça jeans azul e uma camiseta preta, como sempre ainda continuava muito elegante e atraente.

- Olá minha criança – disse pondo a mão sobre o livro e atrapalhando minha leitura.

- Olá Thomas, como sempre com uma educação fenomenal – respondi olhando-o cinicamente.

- Não vamos brigar agora não é? Vim aqui porque tenho mais um serviço para você.

Fingindo não saber, perguntei:

- E de quem se trata dessa vez?

- Douglas Reyner – respondeu rápido e claramente.

- Hummm... Bom... Para quando?

- Amanhã, disse ele que queria vir buscá-lo, pois gostou muito de você e quer te conhecer melhor.

- Ótimo. Serviço aceito.

- Vou para casa – disse ao se levantar – se não a Karla me estrangula ao chegar.

- Claro, vá. O Anderson está na sede para abrir a entrada para mim?

- Sim. Boa noite – disse ao sair caminhando.

- Boa noite... – respondi baixo, não me preocupara se ele ouvira ou não.

Após alguns trechos de leitura, fui para a sede dormir. Ao chegar, como sempre Anderson fez algumas gracinhas pelo interfone antes de abrir a porta da entrada.

No dia seguinte acordei muito bem e logo fui fazer minhas necessidades matutinas. Desci para a sala principal para tomar o café da manhã com os outros membros da guilda, sentei-me ao lado de Thomas já que não havia outro lugar.

- Ele disse que você era a pessoa ideal para ele – disse Thomas ao meu ouvido sussurrando.

- Oh mesmo! Não me diga! – falei alto para que todos escutassem, tentando fazer alguma gracinha.

- Sim! – disse ele baixinho de novo, rindo da brincadeira. – também disse que vai pagar bem.

- Que bom – respondi no mesmo tom de voz dele.

Conversei com alguns conhecidos e fiz mais algumas amizades. E após o café fui para meu quarto navegar na internet, ouvir música, ler e qualquer outro pretexto que me fizesse passar o tempo.

Por volta das dezoito horas Thomas veio ao meu quarto. Eu estava vestido com a mesma roupa do dia anterior com a qual Douglas havia me visto.

- Ainda bem que está assim, o Douglas disse que te queria vestido desse modo.

- Ele já está aí?

- Sim, tome cuidado pequena criança – disse Thomas sorrindo.

- Obrigado – respondi.

E assim que ia saindo para me encontrar com o Douglas fora da sede, Thomas segura meu braço antes que eu saia do quarto e me beija no rosto, um beijo rápido.

- Cuidado – diz ele olhando em meus olhos.

Saí olhando para ele sem entender o inesperado evento, mas de qualquer forma bom, pois eu já esperava pegá-lo assim de surpresa alguma vez, todavia acontecera ao contrário.

Ao chegar do lado de fora da sede, Douglas me esperava escorado num carro muito elegante, negro. Aproximei-me.

- Está muito bonito assim – disse ele.

- Obrigado, bonito carro – respondi.

- Oh! Sim, entre.

Entrei e ele se dirigiu para sua casa talvez.

Ao chegarmos, ele pára o carro e diz:

- É aqui.

- Bonita casa também. Vejo que o senhor é bem de vida – disse eu.

- Venha, entre – me convidou.

Entramos na luxuosa casa. Estava de noite, fazia um pouco de frio. Ele residia num bairro mais isolado de Nova York, não tinha ninguém na rua há esta hora. Douglas me convidou a sentar numa poltrona vermelha e macia perto da lareira, deixei minha mochila do lado do assento e sentei-me. Ele tirou seu casaco e ficou com uma camisa branca de tecido fino, não pude deixar de reparar em seu físico bem cuidado. Acendeu a lareira e sentou-se num sofá próximo à poltrona.

- Me fale um pouco de você, me surpreendeu sua personalidade, nunca esperei querer conhecer alguém de dezesseis anos de idade – disse ele iniciando uma conversa.

Nesse momento a janela se abriu com uma terrível chuva se aproximando, levantei-me com muito frio e fechei-a. Voltei para perto da lareira me tremendo, mas antes de me sentar na poltrona, Douglas diz:

- Venha, sente aqui, está mais perto da lareira.

Fitei-o, mas logo sentei ao seu lado no sofá. Tremendo de frio comecei a contar minha história, de que minha mãe morrera e sem nenhuma noticia do meu pai, antes da morte de minha mãe, ela mesma me disse que ele faleceu em um acidente de carro quando eu era pequeno. Douglas segurou minha mão e sentiu que estava gelada, olhou meus olhos. Por um momento permaneci hipnotizado com aquele olhar, mas logo quebrei o clima:

- A lareira já está enorme, e mesmo assim ainda faz frio aqui. Pelo jeito teremos uma noite fria hoje.

- Sim, mas você não está aqui para ter frio – disse ele com um olhar sedutor, tocando meu queixo.

Entendi perfeitamente o que ele esperava de mim, e num longo beijo respondi sua intenção. Após o acontecido, nos olhamos, e neste momento ele me ergueu e me levou para cima, subindo as escadas. Trouxe-me para um quarto, com certeza o seu, me deitou e me beijou em seguida. Ali nos amamos, não sei explicar, mas tinha um sentimento a mais do que um simples serviço entre nós. Foi muito bom, Douglas era gentil e romântico. Diferente dos outros, ele também me satisfazia. Uma noite inesquecível.

Depois de nos amarmos, ele pediu para que eu dormisse com ele naquela noite, disse que queria acordar comigo. Isso foi suficiente para que eu aceitasse seu convite e minha recaída por ele aumentasse. Ali, juntos sob os lençóis finos e escuros, dormimos.

Ainda de noite, acordo com um barulhento trovão, o qual em seguida ilumina todo quarto por um segundo com seu relâmpago. E neste pequeno intervalo de tempo vejo que Douglas não está na cama; sento-me à cama agarrado com os finos lençóis negros observando ao redor do quarto procurando por ele, o chamo algumas vezes, mas nenhuma resposta é dada, a não ser a tempestade que em determinados momentos ilumina todo o quarto através da enorme janela. Por sorte minha vestimenta está próxima à cama, não hesito em vesti-la rapidamente.

De pé, no quarto ainda, observo uma segunda vez o ambiente. Nada, certamente não tem ninguém aqui comigo, e é neste momento em que me vem à lembrança o conselho que me dera Thomas. Assustado, procuro minhas coisas pelo quarto e sem encontrá-las recordo que as deixei lá embaixo, perto da lareira.

- Oh, droga! O meu celular está na minha mochila, agora não posso ligar para ninguém – sussurrei para mim mesmo – vou ter de descer até lá, e dou um jeito de escapar, isso não me cheira bem.

Saí do quarto, desci as escadas devagar. As janelas próximas às escadas clareavam com os relâmpagos lá fora. Ao chegar ao salão onde fica a lareira, encontro minha mochila, ela estava no mesmo local onde eu a deixara. Na lareira estavam apenas algumas brasas que restaram do fogo. Olhei meu celular, era uma hora da madrugada como mostrava, liguei para Thomas. Algumas chamadas sem êxito foram o suficiente para que eu concluísse que ele não atenderia ao telefone, o canalha deve ter tido uma grande noite com a Karla pelo jeito. Observei a porta da casa, se tivesse sorte Douglas poderia ter esquecido de trancá-la, seria minha fuga infalível daqui. Ando rápido para a porta e antes que eu tocasse a maçaneta para tentar abri-la ouço alguém falar comigo, a voz vem de trás de mim.

- Allan, já vai tão depressa? Seu serviço ainda não está terminado! – sim, é o Douglas. Viro-me e olho para ele no meio do salão.

- Onde estava Douglas? – pergunto indignado.

- Fui beber um copo com água, por que já tem que ir? – disse ele, vindo em minha direção. Estava apenas com uma cueca branca, o que o deixava bastante atraente.

- Foi que meu celular tocou e o Thomas disse que precisava de mim agora – respondi, esperando que ele caísse na mentira.

Ele chegou perto de mim, me abraçou a seu corpo forte e muito bem definido e beijou-me.

- Fique, durma aqui comigo.

- Não Douglas, preciso ir – respondi resistindo a sua sedução impecável.

- Allan... Não posso negar seu potencial atrativo de jovem de dezesseis anos... Uma pena que as coisas tenham de acabar assim... – disse ele me abraçando mais forte, diria que já estava me prendendo.

- O que quer dizer Douglas? – eu já estava me assustando com o que poderia acontecer.

Sem nada responder ele me ergueu em seus braços, ainda preso por sua força, ele me levava a algum lugar. Tentei reagir como pude, perguntando para onde ele me levava e me debatendo ainda mais. Sem respostas durante o caminho, ele me levou para um quarto praticamente vazio, a não ser por um velho colchão no chão, no qual fui jogado sem dó.

- Ah! Maldito! O que você quer com isso? – resmunguei com uma expressão raivosa.

Sem responder nada ainda, ele foi até o fim da sala, onde havia uma mesinha com uma gaveta que eu não havia reparado. Enquanto ele pegava algo, aproveitei para me levantar e correr para fora da sala, mas antes que escapasse pela porta um disparo de arma de fogo atinge a parede bem ao meu lado. Assustado, me viro para trás e surpreendo-me ao ver que Douglas estava armado.

- Errei de propósito, Allan, aconselho que volte para o colchão e fique por lá mesmo – disse ele com uma expressão irônica.

Voltei e sentei-me no colchão sem reclamar e calado. Olhei com ódio aquele homem só de roupas íntimas que estava prestes a me matar.

- Allan, você realmente faz um ótimo serviço se me permite dizer. Não pense que irei matá-lo por não trabalhar bem.

- Fale logo o que pretende!

- Pretendo apenas me certificar que não haverá mais descendentes de seus pais para tomar meu dinheiro tão precioso.

- Seu dinheiro? Do que está falando Sr. Reyner?

- Agora me chama de senhor? Não me lembro de se referir a mim assim quando estávamos no meu quarto... Opa! Não se altere, isso pode lhe custar a vida... – falava ele com um rosto cínico.

- Agora entendo! Então meu pai não morrera num acidente de carro, você o matou para ficar com todo o dinheiro, foi você que aparecera na minha casa para roubar o cofre de meu pai e assassinou minha mãe!

- Nossa, é bem inteligente, Allan. Eu teria descoberto isso antes de passar uma noite com o sujeito... hahahaha!

Maldito! – eu pensava naquele momento – como pôde! Não posso morrer aqui, não! Mas espere... O que é isso debaixo do colchão?

- Agora para me certificar que ninguém pode me deter vou matá-lo, é realmente uma pena perder alguém como você. Mas veja bem, posso estar fazendo uma boa ação, afinal você está iniciando uma vida errônea, posso estar livrando-o disto – dizia Douglas.

Chorei. Observando-me ele disse:

- Ora, não chore criança. Veja como sou bom, vou dar-lhe um beijo de despedida antes de matá-lo.

O maldito ainda me beijou, sim, nos beijamos. Um beijo longo e aconchegante. Num rápido movimento mordi seus lábios e enfiei-lhe uma velha faca pela garganta. Agonizando, ele tentou atirar em mim, mas chutei sua mão jogando a arma longe. Observei-o morrer, resmungando comigo, eu o fitava com uma cara de felicidade, não sei explicar o porquê. Lá estava ele, morto. Abaixei-me até ele e falei baixo:

- Você foi diferente dos outros, Douglas. Adorei a nossa noite, a propósito, que horas são? – perguntei para mim mesmo olhando no relógio em seu pulso – nossa... Duas e meia da madrugada? Tomara que o Anderson abra a sede para mim.

Beijei-o e me levantei para sair da sala olhando o corpo másculo de Douglas sujo com seu sangue podre.

Ao chegar à porta para sair por sorte ela se encontrava destrancada. Saí pela madrugada escura deste bairro desconhecido de Nova York. Sentei-me numa calçada próxima da casa, nem carros nem pessoas passavam por aqui. Liguei para o Thomas novamente, na esperança do safado atender ao telefone.

- Alô, quem é a essa hora? – disse ele, que pelo jeito devia estar com muito sono.

- Transou muito seu canalha? Agora que me colocou nessa venha me buscar! – respondi secamente.

- O que aconteceu Allan?

- Não sabia que já conhecia o Douglas há muito tempo.

- Oh, não me diga.

- Depois conversamos, agora venha ou mande alguém me buscar!

- Claro, está na casa dele?

- Sim, bem na frente.

- Estou indo pega-lo, A Karla está dormindo e... – ele não terminou a frase.

- O que Thomas? Pare com esta brincadeira, agora!

- O que aconteceu a Douglas, Allan?

- Eu o matei.

- Eu já esperava! Saia logo daí!

- Por quê? O que sucede agora?

- Isso não é hora! Saia de perto da casa dele!

Ainda chovia muito, os relâmpagos e trovões ao menos haviam cessado. Uma sombra se projetou por trás de mim, ao olhar vi que era Douglas do mesmo jeito que estava quando saí da casa, ensangüentado e com o corte na garganta, ele estava com os olhos sem pupilas, totalmente brancos. Ele estava com um machado, o golpe foi muito veloz e mortal em direção ao meu crânio, suficiente para matar-me. O celular é arremessado no meio da estrada e, por fim, ouço a voz de Thomas na outra linha clamar por mim:

- Allan, fale comigo! Allan!


Escrito por Julio Capistrano || 8:44 PM