Júlio Morais, 17


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[domingo, maio 13, 2007]

Planos Turísticos
(By Júlio)


A noite está fria e misteriosa. Nuvens carregadas ameaçam chover a qualquer momento. A lua estava exposta numa abertura entre as massas negras, sua luz emanada era suficiente para iluminar parte da rua que caminha Gabriel.

Gabriel é um agente turístico, tem 33 anos e quatorze anos no ramo de turismo. Esta noite ele carrega consigo seus últimos projetos para a agência que planeja montar. Apesar dos inimigos e concorrentes que fizera neste meio, Gabriel não se sente nem um pouco ameaçado. “Droga... Espero que não chova agora.” – pensava ele – “se estes planos molham agora será meu fim certo”.

Infelizmente, a sorte não está do lado do guia turístico. Ele sente as primeiras gotas de água de encontro a sua cabeça calva. Alertado, procura rapidamente um abrigo, analisando todo campo de visão da rua pouco iluminada por alguns postes de luz fraca, a única forma de proteger-se da chuva é uma árvore ali próxima. Ele corre para debaixo do local e esperançoso pretende salvar seus preciosos planos de trabalho.

Já sob a proteção das folhas, Gabriel observa o pavimento da alameda. Alagava-se com a chuva repentina. Gabriel já estava rezando para que a chuva cessasse e ele pudesse chegar a sua casa com os planos sãos e salvos, entretanto, a situação só parecia piorar. Num súbito momento um dos fios dos postes parte-se e logo toda a rua fica submersa em imensa escuridão. O homem já estava ficando assustado com tudo aquilo, agarra-se fortemente com seus planos.

Enfim, suas preces parecem surtir algum efeito. Ao longe, Gabriel pôde observar um ônibus de alguma empresa de turismo, chamada “Road Turism”. Era muito estranho que alguma agência utilizasse aquela rua como rodovia para viagens, mas como este não era momento para questionamentos, Gabriel imaginou que eles não iriam lhe negar uma ajuda naquele momento preocupante. O homem põe seus planos sob a camisa de botão e joga-se frente ao ônibus para pedir alguma carona. O automóvel pára e uma moça que aparentava os vinte anos de idade pergunta da janela:

- “O que está havendo moço?”
- “Por favor, preciso urgente de uma carona!”

A moça fala com o motorista e logo coloca a cabeça na janela outra vez.

- “Sobe moço!”
- “Obrigado!” – agradece Gabriel antes mesmo de subir.

Ao entrar no ônibus, Gabriel vai em direção à moça agradecer-lhe. Ele percebe que os passageiros do ônibus turístico são muito estranhos, todos estão de cabeça baixa e trajam uniformes esquisitos. “Talvez seja a moda do lugar de onde vieram” – pensou.

Quando o ônibus se aproxima do local onde Gabriel mora, este pede para que o deixem ali. O coletivo estaciona e Gabriel desce em correria para sua casa gritando sinceros agradecimentos. O ônibus segue seu percurso.

Um ano depois, os planos de Gabriel haviam funcionado, sua agência era uma das mais bem sucedidas do país. O agora empresário turístico quis recompensar de alguma forma aquela agência estranha que o ajudara na rua. Sentado em seu escritório, ele pede para que um de seus funcionários localize a agência “Road Turism”. Horas depois, o funcionário chega com uma noticia que simplesmente surpreende Gabriel. Ele diz que esta agência havia deixado de existir a mais de dez anos. E que no último percurso de turismo que fizeram houve um acidente em que não tiveram sobreviventes. Aonde um fio elétrico desatou-se e entrou por dentro da janela do ônibus matando uma estagiária de vinte anos de idade e o motorista, o ônibus perdera o controle e capotou quatro vezes, matando todos os turistas que ali dentro estavam.



Escrito por Julio Capistrano || 1:55 PM